quarta-feira, 6 de julho de 2011

Quando os desejos irritam mais que a própria comida

  De volta! Nos últimos dias tenho aumento em 200% o meu exercício físico, quero muito aumentar a minha massa muscular, mas também a minha condição física e, já que aguardo a saída do país nada melhor que aproveitar esta oportunidade para fazer algo por mim. Contudo nem tudo são rosas, vejo que a ansiedade da aproximação do dia da partida me aumenta o desejo por comidas menos adequadas a quem quer melhorar a sua condição física e se vou ao supermercado e vejo uma promoção irresistível, como por exemplo dois pacotes de bolachas com pepitas de chocolate pelo preço de uma, penso, resisto por algum tempo, mas tarde ou cedo volto aonde se encontra o artigo em promoção e levo-o comigo. Depois digo a mim mesma, vou comer somente duas bolachas por dia, só posso comer duas por dia, levo um dos pacotes comigo e o outro vou comendo lentamente. Qual quê! Vou resistindo por uma hora, duas, três, mas chegando a quarta está tudo estragado, digo a mim mesma que vou comer só uma e realmente como-a, mas meia hora depois como mais uma e depois outra. Digo a mim mesma que amanhã já não como nenhuma, no entanto no dia seguinte para além de comer o mesmo que tinha comido anteriormente como mais uma ainda e na realidade passaram-se 6 dias talvez desde que compreia os dois pacotes, num total de 24 bolachas e já tudo desapareceu. Oh vida! Digo a mim mesma que não tenho necessidade absolutamente nenhuma de me autodestruir desta maneira todos os dias, mas se sei exactamente o que estou a fazer porque continuo a fazê-lo? Porque será que me odeio assim tanto ao ponto de querer apenas ser o que sempre fui, é ridículo e muitas vezes esta minha inaptidão para me manter apenas com aquilo que sei ser saudável para mim, aquilo que sei que é o essencial para o meu bem estar irrita-me mais que tudo. Depois obrigo-me a executar exercícios físicos durante tantas horas quanto o necessário, há mais de uma semana que pratico em média duas a três horas de exercício físico, e quando digo exercicio físico não em refiro a uma caminha, nem a uns passinhos para a direita e outros para a esquerda, refiro-me a exercícios cardio bem poderosos, musculação que me leva aos limites, de tal forma que o simples acto de me sentar na sanita e voltar a levantar faz todos os meus músculos gritarem. É RIDÍCULO ter de me submeter a esta rigidez considerando que se comesse como deveria teria apenas de me exercitar uma vez por dia e perder peso normalmente. De alguma forma vou ter de encontrar uma forma de abrir os meus próprios olhos e realmente constatar que eu mereço ser saudável, mereço a vida que que um corpo normal me pode proporcionar, que devo ser confiante em mim mesma, porque tenho qualidades e sei que as tenho, mas toda a vida me foi dito que não as tinha e torna-se difícil realmente aceitar quem me tornei e quem contruí apesar de tudo o que me foi dito, a tudo o que fui submetida durante os primórdios da minha criação.
  Na realidade a falta de limites, de estrutura, de apoio e afecto contruiram o ser instável que sou, passeia a minha vida a criar paredes, redomas que me isolassem e protegessem do resto do mundo, porque quando somos tremendamente magoados por aqueles que mais nos devem amar e proteger, acabamos por nos defender como podemos. É difícil criar laços verdadeiros porque tememos a constante decepção, a mágoa e a dor. Quando sabemos cedo o que é a dor e quando esta nos acompanha por muito tempo, se finalmente arranjamos forma de não sentir dor, mágoa, talvez consideremos eliminar os sentimentos que possam proporcioná-la, mesmo que isso signifique que nunca iremos amar, que nunca iremos experimentar sentimentos que tantos asociam à felicidade. Provavelmente nunca irei amar, não sei se valerá a pena a dor e o sofrimento que do amor pode advir.
  Bom vou fazer kenpo, suar muito tomar um belo banho e dormir o sono dos justos.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Algo mais...

  E depois de tanto tempo sem nada escrever eis-me de novo aqui. Pois é algumas coisas mudaram e outras mantiveram-se, em breve parto para outras terras em busca de algo mais na minha vida. A verdade é que a gordura que sempre fui acumulando foi e sempre será uma máscara que uso contra  mundo e as oportunidades que este me proporciona, sem ela fico despida, insegura e vulnerável ao mundo. Isso pode assustar imensamente, lembro-me de há algum tempo me dar conta do quão confortável pode ser ter tantos quilos, ninguém se aproxima, ninguém se interessa e ninguém quer saber, somos quase invisíveis, passamos pelo mundo sempre observados, mas sem nunca despertarmos interesse e de alguma forma isso pode ser reconfortante. Quando o nosso aspecto muda não signica que nós mudemos com ele até porque é muito mais fácil mudar a forma como aparentamos do que é mudar quem nós somos e então parecemos ser outra pessoa quando na realidade somos exactamente a mesma, com as mesmas inseguranças, os mesmo defeitos, as mesmas incertezas e dúvidas. Olhamos o espelho e não entendemos muito bem o que o reflexo nos mostra, serei eu? Parece-se comigo mas de alguma forma não a reconheço. Todos dizem, estás tão gira nem pareces a mesma, ficas tão bem, se te visse na rua nem te reconhecia, comentários banais que recebemos, calculamos o seu valor e verificamos que alguns são sinceros e outros simplesmente cordiais.     
  Mas nisto tudo muitas portas se abrem e quando as oportunidades são muitas começamos a sentir-nos inseguros e incertos do que fazer, anteriormente tinha apenas algumas opções agora tenho uma imensidão delas e não sei bem como proceder. na verdade somente deixei de ser obesa há cerca de ano e meio e ainda me estou a acostumar a certos aspecto do meu corpo como por exemplo eu poder ver os meus tendões, os meus tornozelos, poder ver diferentes ossos que sabia existirem no meu corpo mas que nunca tinha visto, são esses pequenos pormenores que nos vão ajudando a acreditar que de facto estamos menores, que o manto se vai desvanecendo e nós próprios subimos à tona. E agora depois de tanto tempo com a minha vida em standby, a encontrar desculpas sem sentido para não fazer isto ou aquilo, decidi tomar as rédeas da minha vida e realizar uma verdadeira mudança, concretizar algo que já uma vez tinha tentado mas que não tinha resultado. Vou sair de Portugal viver noutra terra, com outra língua, outros costumes e outra cultura. Mudar a perspectiva que tenho do mundo e, esperançosamente, de mim mesma. Conquistar ainda mais terreno de quem eu sou e do que quero para mim, abranger mais ainda a liberdade que tenho vindo a colectar desde que inciei este processo.
  Bom por agora é tudo espero não ter sido demasiado aborrecida.

domingo, 15 de maio de 2011

Como tudo se inicia

O aborrecimento está a tomar conta da minha vida, de facto está tão aborrecida que mal posso esperar para sair do trabalho e fazer a minha caminhada de uma hora até casa, isto assim morre-se de tédio. Tenho notado que, embora sejam ainda poucos, os meus posts têm diminuido de tamanho, vamos hoje inserir aqui um montão de palha a ver se o número de linhas aumenta :)
Falemos do que este blog deveria conter. Bypass Gástrico! Não é cura, mas definitivamente é um bálsamo que ajuda a encontrar o caminho para o trajecto correcto. Eu fui assistida no Curry Cabral em LX, hospital com instalações fenomenais, o staff é de primeira e extremamente interessado e competente. Nem poderia dizer outra coisa já sou seguida no hostpital há quase dez anos, tem sido um montanha russa, mas tem sido um viagem interessante e colorida :). Não poderia ter ficado melhor entregue! Como funcionou:
Pedi um credencial ao meu médico de família para ir a uma consulta de especialidade de obesidade, deveria ter aguardado muitos meses pela minha oportunidade mas não esperei, alguém desistiu da consulta e eu fui colocada na slot e assim começou a minha jornada para o emagrecimento. Tinha mais de 170kg na altura, era um valente colosso com 1,72m e tanto peso em cima, se não fosse pela massa muscular, que na altura não era nada baixa, poderia estar bem maior. Ao contrário da maioria das pessoas eu não faço dieta para ir ao dietista, ou nutricionista, ou endocrinologista, o que peso é o que peso, se perder peso é porque me esforcei para isso, ou não. Fui pesada e medida, foram-me feitas a perguntas de prache, passadas mil e uma análises que até à data continuo a fazer e que, segundo a minha endocrinologista, terei sempre de as fazer e medicamentos para controlar a minha depressão, fluoxetina e para controlar o açúcar no sangue, risidon.A fluoxetina deixava-me muito mal, fiquei com as horas de sono todas trocadas e não consegui raciocinar como deve ser, deixei de tomar, o risidon era ginorme e como eu já não sou grande amiga de medicamentos deixei de vez de tomar. Fiquei apenas com a alimentação que umas vezes cumpria outras nao, na maioria das vezes, era e continua a ser-me muito difícil controlar o meu apetite e vontade, muitas vezes mesmo sem vontade se tiver acesso vou comer algo que me faz mal, tenho noção que esses actos fazem parte de mim mesma e da minha vontade de me manter menos do que sei que sou, no entanto não sou capaz ainda de separar as coisas e controlar-me porque sempre que o faço levo tudo aos extremos então por agora vou levando as coisas na boa :). Estive uns anos nas consultas disciplinares de obsidade mórbida a perder muito pouco ou nada por ano, até que a minha médica decidiu increver-me para a colocação do balão intragástrico de forma a possibilitar a minha perda de peso e assim preparar melhor o meu rganismo para a cirurgia definitiva.
Fracasso total! Não sei como é com as outras pessoas, posso apenas falar por mim mesma, mas para mim o balão apenas agravou a minha fome, fosse ela mental ou física, não me sentia nada cheia, e, para além dos primeiros dias, em que só não vomitei as minhas entranhas porque não calhou, não sentia absolutamente nada, na verdade om facto de ter o balão no estômago parecia lembrar o meu cérebro que cabia mais qualquer coisa lá, e volta não volta, lá estava eu a trincar qualquer coisa. Mais a endoscopia que fiz para verificar a viabilidade do procedimento, que após o exame se verificou que não seria de imediato pois tinha úlceras provocadas pela heliobacter, é dos exames mais desconfortáveis que já fiz na vida, mesmo a sério! Só inseri o balão na minha terceira ida ao bloco operatório e depois foi o que se viu :(
Estive com o balaão uns 9 meses, mais 3 do que o suposto, e algum tempo depois a minha médica propos-me para a cirurgia de bypass, ainda foi um processo demorado, fiquei com a decisão entre sleeve e bypass. A início estava mais inclinada para a sleeve, parecia-me mais simples, menos invasiva e com tempo de anestesia bem menor, contudo ao voltar para casa, e depois de muitas horas no google e no youtube a ver e a pesquisar tudo sobre um procedimento e outro acabei por considerar que o bypass seria o mais indicado para mim, sim estava ciente dos perigos, mas também dos benefícios. na consulta de sguimento da minha médica que eram de 6 em 6 meses dei-lhe a minha decisão. Ela preparaou tudo, a equipa que me segue concordou que eu estava preparada para seguir a próxima etapa e fiquei nas listas de espera para a cirurgia. Fiz todos os exames necessários e fiquei à espera, mais uns bons meses.
Dois dias antes da cirurgia ligaram-me de tarde a informar que deveria comparecer no próximo dia para ir à consulta de anestesia e ser preparada para a cirurgia que seria no dia seguinte. Foi tudo uma correria, não vivia em LX na altura, fiquei ansiosa pelo dia seguinte, mas estava calma de certa forma, aquela não seria a minha primeira viagem ao bloco operatório, afinal de contas já por lá tinha passado outras três vezes, mas tinha esperado tanto tempo por aquele momento e estava sempre preocupada com o facto de ter engordado e já não me deixarem fazer a cirurgia ou o meu estômago não estar em condições para o procedimento. Lembro-me perfeitamente de acordar e pensar não fizeram nada, eu não sinto nada, vou er que passar por tudo outra vez, lol, foi uma experiência única.
Vou ficar aqui por hoje, acho que a palha se arrastou mais do que eu pretendia, oops. Por favor não fiquei com o solhos em bico de ler tanto jiberjaber. Fiquem bem, até à próxima!

sábado, 14 de maio de 2011

Aborrecimento! Causa ou nem por isso?

  Quem come por aborrecimento? EU!

Pois é um dos fatalismo de quem tem compulsão para comer é o aborrecimento o não ter nada para fazer ou a cultura do fazer nada. Quando a cabeça está desocupada para onde recaia ela para a comida, para o mastigar para a ocupação dentária. Eu faço-o e sei que muitos o fazem também, na minha família faze-mo-lo todos. Como combater o tédio de forma a que o aborrecimento deixe de equacionar como uma das causas, ou desculpa, para comer? O exercício é um dos métodos, não só porque cansa o corpo como também o facto de libertar endorfinas para o sistema o que é exactamente aquilo que a comida faz também, mas na verdade como temos uma mente preguiçosa temos também um corpo preguiçoso, é necessário começar de vagar e ir gradualmente aumentanto o nível e dificuldade do exercício praticado. Por exemplo: Algum tempo depois de ter sido submetida ao bypass decidi começar a executar caminhadas de uma hora e de hora e meia, passado algum tempo o meu corpo estava tºao habituada às mesma que quando não as faço sinto que algo está em falta, a isso se chama a criação de um hábito, o facto de tornar essa experiência em algo agradável transformou a forma de exercício em algo divertido pelo qual espero sempre com gosto.
Então temos o exercício que ajuda a combater o aborrecimento, podemos lêr, ouvir música, limpar a casa, escrever, e acreditem esta actividade é das melhores, não nos ajuda a exteriorizar o que pensamos e sentimos como também a nos analizar mais detalhadamente, no entanto não criem diários demasidamente detalhados e que se concentrem em demasia naquilo que ingerem, isso leva-me a um estado absolutamente obssessivo, e como sou de extremos, é sempre ou 8 ou 80, e depois volta tudo a descarrilar, se também forem assim tentem ao máximo desviar-se de tudo o que vos posso levar a cometer exageros seja de que tipo fôr.

Bom vou deixar-vos para já e, muito embora o meu aborrecimento continue, vou tentar controlar a minha "fome" de forma saudável e sem recorrer a comida (no promises though). Fiquem bem!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Como gerir vida pessoal, vida profissional e o bypass gástrico

  Falemos hoje de algo que mesmo sem bypass nos causa o maior obstáculo. A gerência da vida social com a vida profissional e ainda ter que lidar com a forma como nos alimentamos e nos exercitamos nunca é fácil, uns dias estamos mais bem preparadas para o mundo e passe-nos o que passar suportamos tudo, noutros estammos tão frágeis que ao mínimo obstáculo desfazemo-nos.
  Num dia bom em que tudo me corre bem, não tenho fome, faço as minhas refeições normalmente, ando os meus quilómetrosinhos e estou bem comigo mesma, nos outros estou irritadíssa, como este mundo e o outro e a minha vontade é enfiar-me num buraco e esperar que ninguém se aperceba que existo, tenho noção que a este segundo estado o podemos chamar de pré-depressivo, mas acontece-me muito e suponho que seja algo natural nas mulheres com as inconstâncias hormonais e tudo isso. Nesses dias tento ser o mais forte que consigo, espero que o dia acabe para que um novo comece e possa inciar uma folha em branco onde tudo é possível.
  Como não tenho forma de pagar por um ginásio, embora eles cresçam à minha volta como ervas daninhas simplesmente a balançarem-se à minha volta a dizer-me não podes entrar, não podes pagar, ando o máximo que posso, costumo vir a pé para casa do trabalho, em alguns dias isso corresponde a uma hora de caminhada, noutros em duas, isso ajuada-me a manter o meu nível de gasto calórico dentro do necessário bem como a aumentar a velocidade do meu metabolismo, já para não falar no bem que faz para o meu corpo. Obviamente que em conjunto com a minha alimentação a perda de peso pode não ser exactamente extraordinária, mas acontece e perti-me certas liberdades que se seguisse à risca o plano alimentar do meu dietista certamente não teria, até porque a minha afinada com a comida não me permitiria ficar sem certos alimentos e assim todos ganham eu, porque como o quero para me manter mentalmente sã, para funcionar adequadamente e para suprir a minha necessidade calórica.
  Claro que a necessidade de cada um é que conta, eu sou única como indivíduo que sou assim como qualquer outra pessoa também o é, dessa forma é aoenas necessário acessar quais são as suas necessidades particulares e verificar o que será necessário fazer para as poder incluir no seu plano alimentar sem deixar de perder peso.
  Acho que por agora é tudo, aí fica mais um pensamento. Fiquem bem!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Sentimentos que surgem

  Como segundo post vou falar-vos de algo que ainda hoje me desaponta profundamente. Durante todo o tempo em que fui obesa nunca deixei ninguém aproximar-se, com ninguém estou a falar do sexo masculino, não me sentia preparada para me expôr fosse de que forma fosse, e depois do primeiro ano de cirurgia deparei-me com a vontade de me envolver com alguém, experimentar algo que ainda não tinha sentido, cmo curiosa que sou seria terminantemente impossível para mim deixar algo assim passar por mim sem nunca sequer considerar como será. Contudo a atenção depositada pelo sexo masculino em mim pareceu-me estranhamente incómoda e irritante. Eles são tão fúteis e básicos que às vezes quase sou capaz de gritar. O que mudou em mim para além do meu aspecto físico, não muito, continuo a ser a mesma pessoa independente e rebelde, com ideias sobre tudo que acha que tem sempre razão e que raramente dá o braço a torcer, que sabe aproveitar as oportunidades ao seu alcance, e acreditem que não sou parva e percebo perfeitamente que este mundo foi feito para quem se enquadra nos padrões de beleza, então porquê tanta atenção assim do nada? Achei insultuoso e embora tenha saído umas vezes decidi deixar de lado por um tempo, fiquei farta dos encontros sem proósito com tipos que muitas vezes se sentem intimidados por quem sou e que mal sabem dizer duas frases, não procuro amor, nem sei se está dentro das minhas capacidades senti-lo, queria apenas experimentar algo de novo, algo que pudesse trazer algo de novo à minha vida, algo que ajudasse a quebrar a minha rotina.
  Bom este foi um dos sentimentos, consegui mais ou menos ultrapassar isso e passar simplesmente a divertir-me, a deixar "rolar", mas continuo a aborrecer-me de morte, os homens não sabem ser interessantes, bah!!!
  Outros sentimentos:
  Quando perdemos peso ao ponto de nos tornarmos apenas mais uma formiga na sociedade a nossa vida muda e muito, podemos fazer o que queremos, já ninguém olha para nós de forma diferente e as nossas credenciais e habilidades realmente têm valor. Isso aconteceu comigo. Antes nem como empregada de limpeza me queriam, agora basta-me ir à entrevista que sou seleccionada. A hipocrisia da sociedade é algo que me trasntorna profundamente e me assusta, porque se algum dia entrar em depressão novamente e voltar a ganhar todo o peso que já perdi voltarei a ser uma pária da sociedade, deixarei de poder prover para mim mesma, voltarei a ser dependente e isso é algo que não quero, nunca mais. Ser capaz de trabalhar para mim, ganhar para mim é algo maravilhoso e não quero perder isso jamais.
  Agora que tenho um certo nível de liberdade tenho também vontade de explorar novos aspectos da minha vida, de ir mais longe, fazer mais, viver, porque na verdade olho para trás e vi que não fiz nada ainda, que a minha vida passou num flash e que eu passei por ela suspensa a aguardar nem sei eu bem o quê, agora posso ir mais além, ser quem sempre quis ser, fazer o que sempre quis fazer e a única pesso no meu sou e sempre fui eu mesma, cabe-me a mim dar o primeiro passo, seja ela para a frente ou para trás. Quem comanda a direcção sou eu e apenas eu.
  Como controlar a fome mental que está sempre presente e que sempre estará? Como identificar quando estou MESMO com fome ou quando esta não passa de engodo para satisfazer um desejo qualquer de gula, um sentimento menos bom, um sentimento de rejubilo ou puro aborrecimento?
  Não há uma forma concreta de o fazer, mas quando passamos muito tempo a refletir em nós mesmos vamos adquirindo certas capacidades, vamo-nos conhecendo melhor e isso de certa forma auxilia a maneira como interpretamos a forma como vivemos, pensamos e agimos. Quem tem um obcessão compulsiva necessita de terapia psicológica ela é fundamental para a criação de métodos que ajudem a controlar os impulsos que nos levam a actuar de forma menos saudável para nós mesmos, no entanto não é fácil falar com alguém que não nos conhece, por mais profissional que essa pessoa seja, continua a não ser fácil. O facto de escrever este blog já é uma forma de libertação, uma maneiro meio assertiva de me impor e de me exprimir de forma a realizar que afinal também tenho a capacidade de dizer o que penso e o que sinto, mesmo que de forma anónima, quem sabe se este não é uma laje na etapa que me levará para o caminho da assertividade? Afinal tudo conta quando estamos em fase de cura do nosso ser.
  Por agora é tudo, talvez até tenha sido demais. Outro post em breve, sobre um outro assunto :)!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Início


Toda a vida sofri com o meu peso, mas nunca me preocupei o suficiente, aliás até certa altura era-me tremendamente irritante o facto da minha mãe me dizer constantemente que um dia choraria por ser gorda e acreditem que não mo disse tão poucas vezes como isso. No entanto, se existe algo que odeio mais que a minha compulsão para comer é o facto de tentarem moldar-me. Sou, sempre fui e sempre serei rebelde. Sou quem sou, como sou e independentemente do que o resto do mundo possa achar não vou mudar por ninguém que não eu mesma. Se preciso ser diferente será por mim e não para agradar quem quer que seja.
Enfim, deixarei estes apartes para mais tarde voltemos ao cerne do primeiro post.
Estava com 164kg na altura da cirurgia, isto foi há 2 anos e 3 meses e 4 dias. Confesso que senti alguma ansiedade, estava à espera do procedimento há tanto tempo que quando a altura finalmente chegou nem tinha bem a certeza se ia mesmo acontecer ou não, é mais como quando sai a lotaria a alguém e ainda ficamos na dúvida, será real ou nem por isso? Bom foi real, aconteceu. Entrei na sala de operações penso que por volta do meio dia, eram cinco da tarde quando me levaram para a sala de recobro. Nunca tinha sido anestesiado geralmente, a sensação é muito estranha, estava muito mole, não foi a minha primeira experiência numa sala de operações ou na sala de recobro, já por lá tinha passado 3 vezes antes aquando da inserção do balão intragástrico, mas isso eu conto mais para a frente, no entanto nunca tinha sido anestesiado daquela forma e é mesmo estranho.
No primeiro ano o peso voou, quase literalmente, de mim,ao final de um ano de cirurgia tinha perdido 75kg. O segundo ano as coisas já caminharam mais lentamente e a meio do segundo ano comecei a ganhar peso. A verdade é esta: O Bypass Gástrico é uma ferramenta fantástica, é, não há como negá-lo, no entanto é colocada em pessoas que têm uma dependência e que tal como qualquer pessoa que sofra de dependência, seja ela narcótica, alcoólica  ou de outra espécie, o cérebro é quem manda, a dependência não desaparece, nunca vai desaparecer por mais terapia ou conversa que se tenha, podemos aprender a controlá-la, a indentificá-la e até a conhecê-la, mas ela vai continuar a existir. Para além da utilidade da ferramenta existe também o facto de irmos abrandar o nosso metabolismo a níveis nada confortáveis. Irá chegar uma altura, se nada fizerem para o mudar, em que o vosso organismo vai-se habituar a ingerir tão pouco que vão comer apenas o suficiente para sobreviver e se calhar nem isso, se quiserem continuar a perder peso, Posso dizermos que chegou uma altura em que ingeria cerca de 1000 a 1200 calorias diárias, trabalhava, estudava e ainda levava cerca de 4 horas em transportes entre casa, trabalho e formação. O meu cabelo caía como se estivesse a ser submetida a quimioterapia e isso assustou-me bastante porque durante um mês não parou e então comecei a comer melhor e a queda de cabelo parou, mas a de peso também. Contudo o meu corpo precisava de bastante mais do que aquilo que eu lhe dava, pelo menos o meu cérebro gritava por mais e aí começou o descalabro, a necessidade por açúcar acordou e caso não tenham essa noção adquiram-na agora, o açúcar é tão viciante quanto o tabaco ou o álcool, assim que o vosso cérebro se habitua a ele acreditem que se deixarem de o ingerir vão ressacar e à grande. Eu comecei a comer mais doces, precisava dele para me manter acordada e funcional, primeiro coisas simples como gomas que para além de terem açúcar têm gelatina e nem são tão calóricas, depois os chocolates, rebuçados, enfim veio a família toda e até hoje continuo agarrada. Para reverter esta situação comecei a fazer exercício que nem louca, andava 2 horas por dia todos os dias e ainda fazia entre 3 a 4 vezes por semana exercícios de cardio e musculação, mas o meu corpo é daqueles que funciona super bem e o que é que aconteceu? Continuei a ganhar peso e, muito embora estivesse a perder gordura, estava também a ganhar músculo, e assim consegui acelerar o meu metabolismo mais um pouco e pude começar a comer mais normalmente.

A chave nisto tudo, como sempre foi e sempre será, é a alimentação equilibrada com o exercício físico, porque é ele que vos vai permitir ter um existência saudável, sem ele, só com alimentação, não vão conseguir manter-se muito tempo.

Neste momento estou com 95kg e já pesei no ano passado, no meu ponto mais baixo, menos de 87kg. No fianl do ano passado cheguei a pesar 100kg novamente, estou em fase de ajustamento, mas já não deixo de comer, como de tudo sem excepção, desde que faça exercício suficiente para queimar tudo depois, vou perdendo devagar, mas vou perdendo e é isso que me interessa.

Este post já ficou bem grande, vou terminar por agora e consoante me lembrar vou colocados mais memorandos para todos os que estiverem interessados neste procedimento o que queiram apenas informar-se.

Lembrem-se que a obesidade mórbida está mais na nossa cabeça que no nosso corpo e que é ela quem comanda a nossa vida, vocês são os vossos generais!