Toda a vida sofri com o meu peso, mas nunca me preocupei o suficiente, aliás até certa altura era-me tremendamente irritante o facto da minha mãe me dizer constantemente que um dia choraria por ser gorda e acreditem que não mo disse tão poucas vezes como isso. No entanto, se existe algo que odeio mais que a minha compulsão para comer é o facto de tentarem moldar-me. Sou, sempre fui e sempre serei rebelde. Sou quem sou, como sou e independentemente do que o resto do mundo possa achar não vou mudar por ninguém que não eu mesma. Se preciso ser diferente será por mim e não para agradar quem quer que seja.
Enfim, deixarei estes apartes para mais tarde voltemos ao cerne do primeiro post.
Estava com 164kg na altura da cirurgia, isto foi há 2 anos e 3 meses e 4 dias. Confesso que senti alguma ansiedade, estava à espera do procedimento há tanto tempo que quando a altura finalmente chegou nem tinha bem a certeza se ia mesmo acontecer ou não, é mais como quando sai a lotaria a alguém e ainda ficamos na dúvida, será real ou nem por isso? Bom foi real, aconteceu. Entrei na sala de operações penso que por volta do meio dia, eram cinco da tarde quando me levaram para a sala de recobro. Nunca tinha sido anestesiado geralmente, a sensação é muito estranha, estava muito mole, não foi a minha primeira experiência numa sala de operações ou na sala de recobro, já por lá tinha passado 3 vezes antes aquando da inserção do balão intragástrico, mas isso eu conto mais para a frente, no entanto nunca tinha sido anestesiado daquela forma e é mesmo estranho.
No primeiro ano o peso voou, quase literalmente, de mim,ao final de um ano de cirurgia tinha perdido 75kg. O segundo ano as coisas já caminharam mais lentamente e a meio do segundo ano comecei a ganhar peso. A verdade é esta: O Bypass Gástrico é uma ferramenta fantástica, é, não há como negá-lo, no entanto é colocada em pessoas que têm uma dependência e que tal como qualquer pessoa que sofra de dependência, seja ela narcótica, alcoólica ou de outra espécie, o cérebro é quem manda, a dependência não desaparece, nunca vai desaparecer por mais terapia ou conversa que se tenha, podemos aprender a controlá-la, a indentificá-la e até a conhecê-la, mas ela vai continuar a existir. Para além da utilidade da ferramenta existe também o facto de irmos abrandar o nosso metabolismo a níveis nada confortáveis. Irá chegar uma altura, se nada fizerem para o mudar, em que o vosso organismo vai-se habituar a ingerir tão pouco que vão comer apenas o suficiente para sobreviver e se calhar nem isso, se quiserem continuar a perder peso, Posso dizermos que chegou uma altura em que ingeria cerca de 1000 a 1200 calorias diárias, trabalhava, estudava e ainda levava cerca de 4 horas em transportes entre casa, trabalho e formação. O meu cabelo caía como se estivesse a ser submetida a quimioterapia e isso assustou-me bastante porque durante um mês não parou e então comecei a comer melhor e a queda de cabelo parou, mas a de peso também. Contudo o meu corpo precisava de bastante mais do que aquilo que eu lhe dava, pelo menos o meu cérebro gritava por mais e aí começou o descalabro, a necessidade por açúcar acordou e caso não tenham essa noção adquiram-na agora, o açúcar é tão viciante quanto o tabaco ou o álcool, assim que o vosso cérebro se habitua a ele acreditem que se deixarem de o ingerir vão ressacar e à grande. Eu comecei a comer mais doces, precisava dele para me manter acordada e funcional, primeiro coisas simples como gomas que para além de terem açúcar têm gelatina e nem são tão calóricas, depois os chocolates, rebuçados, enfim veio a família toda e até hoje continuo agarrada. Para reverter esta situação comecei a fazer exercício que nem louca, andava 2 horas por dia todos os dias e ainda fazia entre 3 a 4 vezes por semana exercícios de cardio e musculação, mas o meu corpo é daqueles que funciona super bem e o que é que aconteceu? Continuei a ganhar peso e, muito embora estivesse a perder gordura, estava também a ganhar músculo, e assim consegui acelerar o meu metabolismo mais um pouco e pude começar a comer mais normalmente.
A chave nisto tudo, como sempre foi e sempre será, é a alimentação equilibrada com o exercício físico, porque é ele que vos vai permitir ter um existência saudável, sem ele, só com alimentação, não vão conseguir manter-se muito tempo.
Neste momento estou com 95kg e já pesei no ano passado, no meu ponto mais baixo, menos de 87kg. No fianl do ano passado cheguei a pesar 100kg novamente, estou em fase de ajustamento, mas já não deixo de comer, como de tudo sem excepção, desde que faça exercício suficiente para queimar tudo depois, vou perdendo devagar, mas vou perdendo e é isso que me interessa.
Este post já ficou bem grande, vou terminar por agora e consoante me lembrar vou colocados mais memorandos para todos os que estiverem interessados neste procedimento o que queiram apenas informar-se.
Lembrem-se que a obesidade mórbida está mais na nossa cabeça que no nosso corpo e que é ela quem comanda a nossa vida, vocês são os vossos generais!
Estou a gostar imenso de ler. fazer a cirurgia dentro de um mês ou dois (depois de três ou quatro anos à espera) e partilho essa sensação de nem saber se me devo permitir acreditar que a minha vez finalmente chegou!
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